1 de maio de 2015

Sobre o preço de mods

Assunto do dia: Mods pagos de Skyrim no Steam.

Não pretendia começar a postar no blog falando de algo que não tenho muita familiaridade, mas o assunto em questão explodiu de tal maneira nos últimos dias que quis escrever sobre isso.

Tanto que, para começar, deixem-me fazer a seguinte ressalva: não sou mais um gamer de PC. Fui por épocas distintas, por motivos distintos e com jogos distintos:

• Entre 1998-2000 tive minha época Blizzard, quando me viciava em Warcraft 2, Diablo 1 e Starcraft 1. Mas só jogava eles sozinho, não tinha coragem de entrar online e ser massacrado. Minha diversão era vencer o computador e me sentir preparado para quando acontecer a insurgência das máquinas e elas tentarem dominar o mundo.

• Entre 2004-2005 tive minha época MMORPGs de graça, sendo o principal deles Tibia. É, eu sei. Tem toda razão. Pelo menos admito meus erros do passado. Mas era o jogo que amigos meus jogavam, e sei lá, queria fazer parte de alguma coisa para preencher a angústia gerada pela solidão pungente que corrói minha existência. Também joguei Ragnarok em servidores piratas e alguns outros que nem lembro agora.

• Entre 2010-2013, quando trabalhava em lugares que não tinham serviço 100% do tempo e, para espantar o tédio, ficava jogando Peggle e jogos diversos no Kongregate.

Hoje em dia eu praticamente não jogo mais nada no computador, a não ser que seja alguma coisa experimental rapidinha. Até tenho uma conta no Steam, mas o único jogo que peguei por lá foi Portal, e foi de graça numa promoção que a Valve fez para o lançamento de Portal 2. Para completar, agora sou usuário Mac, e por mais que exista Steam para Mac e a App Store tenha muitos jogos, criando um ambiente em que é possível ser um Mac gamer (uma expressão que era um oxímoro até alguns anos atrás), Macs não são exatamente a primeira escolha de um PC gamer hardcore. Digamos assim: do jeito que eu vejo, Mac gamers têm um Mac por outro motivo principal (trabalho, facilidade de uso, ecossistema Apple, etc) e games são uma atividade secundária, enquanto que quem põe games como a principal função do seu computador vai atrás de um PC customizado e que possa ser facilmente upgradeado de acordo com a necessidade.

Também não sou nenhuma autoridade no assunto mods.

O único mod que eu consigo me lembrar de ter baixado na minha vida foi o Project M, para Super Smash Bros Brawl, que eu joguei por uns três dias e desencanei em seguida (lembrando que mod é uma coisa, DLC é outra e conteúdo criado por usuários dentro do que é disponibilizado no jogo - como mapas de Starcraft ou designs de Animal Crossing, por exemplo - é outra).

Resumindo: essa história toda dos mods de Skyrim sendo vendidos pelo Steam realmente é algo fora da minha alçada.

Mas, mesmo assim, eu quero escrever sobre o assunto, pois essa história toda acabou tocando num assunto em que tenho opiniões fortes: pessoas cobrarem e receberem dinheiro pelo trabalho delas.

Porém, todavia, entretanto (toda vez que eu usar uma dessas três palavras é um sinal que eu estou usando a palavra “mas” em excesso, e começo a ouvir a voz da minha professora de redação do colegial reclamando que eu repito demais os mesmos termos num texto), antes de eu começar a discorrer sobre o assunto, vamos relembrar o que exatamente aconteceu nessa história toda.

Anteriormente, em Mods de Skyrim:


Vamos partir do começo mesmo, para quem não tem muita noção sobre o assunto.

O que são mods? Como a própria palavra indica, são modificações feitas sobre o software original. Existem diversos tipos, desde pequenas mudanças visuais, como mudar a cor de um ítem, até alguns que criam um jogo novo a partir de outro - foi assim que surgiu Counter-Strike, um mod de Half-Life, por exemplo.

Quem faz esses mods? Fãs MUITO dedicados. Tipo, muito mesmo. São programadores, ilustradores, animadores, modeladores 3d, músicos, enfim, todo tipo de profissional que poderia trabalhar produzindo um jogo se dedicando a modificar e expandir o jogo original. Talvez alguém possa levantar a pergunta “se eles gostam tanto assim do jogo, por que modificá-lo?” A resposta, acredito eu, seja justamente porque eles não querem parar de jogar tal jogo, querem inventar e desenvolver novas maneiras de apreciar e se divertir com ele. Sem contar que muitos modders, pelo que percebo, são amadores desenvolvendo suas habilidades, aprendendo design de games pondo a mão na massa, se preparando para algum dia trabalhar com isso.

O que as empresas que fizeram os jogos pensam disso? Muito importante essa pergunta, e acho que a resposta é um óbvio “depende da empresa”. Mas, de um modo geral, se a empresa lança seu jogo para PC, ela provavelmente apóia a comunidade de modders (ou pelo menos aceita em silêncio, fingindo que não vê - mas acho também que elas não têm nenhuma base legal para proibir essa prática), em muitos casos até criando ferramentas para ajudar o trabalho deles.

O que é a Steam? Se você está perguntando isso, você provavelmente não manja NADA mesmo de games, mas ei, não vou julgar ninguém. Até porque você possivelmente é um familiar meu que inventou de ver o meu blog. Olá, família! Obrigado pelo apoio! Enfim, explicando o que é a Steam: de uma maneira simplificada, é uma loja online de games digitais. Você se cadastra, têm acesso ao catálogo deles e pode comprar o jogo que quiser, baixando ele, sem necessidade de comprar uma mídia física. Ela também disponibiliza mods de jogos, para qualquer modder que quiser distribuir seu trabalho e para qualquer jogador que quiser customizar seu jogo. Essa é a explicação simples. A complicada é que a Steam é A loja online de games digitais. É a maior e a mais importante, então qualquer decisão que a Valve, a empresa dona da Steam, toma, muitos jogadores e desenvolvedores são afetados. Acho que o melhor paralelo que eu consigo fazer é com o Google: você até conhece um cara que usa o Yahoo e alguém sempre faz uma busca sem querer no Bing, mas, em via de regra, quando você faz uma busca na internet, você usa o Google. Por isso que a decisão dela de oferecer a opção de cobrar pelos mods criou tanta repercussão. Mas estou pondo o carro na frente dos bois aqui, pois ainda têm mais um termo que precisa ser explicado…

O que é Skyrim? Olá, você, que acordou do seu coma de seis anos. A Terra não foi destruída em 2012, ganhamos um papa novo em 2013 e o Brasil perdeu a copa em 2014. E Skyrim foi um jogo lançado em novembro de 2011, o quinto jogo da série Elder Scrolls, produzido pelo estúdio Bethesda, um RPG open-world (tem termo correspondente em português? Mundo aberto soa estranho) que causou uma queda de 7,3% da produtividade mundial porque muita gente ficou muito tempo jogando esse jogo. Acabei de inventar essa estatística, mas não duvido que seja por aí. A questão é: foi um jogo muito popular, e como nunca joguei ele (fã da Nintendo, lembram? Na época ainda não tinha o PS3, e agora tenho preguiça de correr atrás do jogo) tenho sérios receios de tentar explicar ele mais que isso. Digamos apenas que ele fez direito exploração e aventura de uma maneira que Zelda não consegue desde Wind Waker. E sim, eu tenho uma séria invejinha disso.

Agora que temos os conceitos básicos explicados, podemos começar a história.

…Na verdade, agora que parei para pensar, a história é bem simples, mas com motivações complicadas. Vamos aos fatos e depois analisaremos os detalhes mais importantes.

Tudo começou, oficialmente, no dia 23/4/2015, quando a Valve resolveu dar a opção aos modders de Skyrim (e apenas os de Skyrim, num primeiro momento) de cobrar pelos seus mods, com a Valve e a Bethesda levando uma porcentagem.

Essa decisão não foi bem recebida, para dizer de maneira educada, surgindo na internet uma série de reações que em qualquer outro contexto seriam vistas como exageradas e psicóticas, mas que no contexto de games são normais: abaixo-assinados, ameaças de morte, xingar muito no tuíter, etc.

E então, no dia 27/4, a Valve voltou atrás e acabou com a opção de modders cobrar pelos seus mods, devolvendo o dinheiro de quem já havia comprado alguma coisa e pedindo desculpas para a internet.

Isso é o que aconteceu, em linhas gerais.

Agora, as complicações:


Comecemos pelas burradas da Valve e da Bethesda. Lembram que eu falei que oficialmente a história começou dia 23/4? Então, acontece que extra-oficialmente a Valve entrou em contato com alguns dos modders mais proeminentes de Skyrim algumas semanas antes de ter aberto o mercado de mods, para que eles pudessem se preparar.

Talvez isso pareça concorrência desleal, mas é algo que faz parte de quando uma loja ou uma plataforma desse tipo vai ser lançada. Acontece a mesma coisa com consoles, por exemplo, onde o fabricante do hardware passa os SDKs para as desenvolvedoras mais importantes e que mais podem afetar o sucesso dele. Mas esse não é o verdadeiro problema disso, essa honra vai ao fato de que o resto da “comunidade” se sentiu traída por não ter participado da elaboração e a discussão em torno da venda de mods. Por mais que eu tenha a tendência de achar que argumentos que giram em torno de palavras como “comunidade” e “fandom” na internet são umas tontices, neste caso acho válido, pois estamos falando de um trabalho feito por fãs para outros fãs. Acho que não custava nada, ao invés de ter entrado em contato com alguns modders específicos e feito segredinho, ter anunciado a intenção de começar a venda de mods e daí ir recebendo feedback da “comunidade” durante essas semanas para melhor atender as necessidades de todos.

Nem acredito que sou eu escrevendo isto, tenho a tendência de sempre falar que pessoas/artistas/empresas podem ignorar a opinião da maioria que muitas vezes a maioria não sabe o que está falando, mas acho que aqui a situação realmente é diferente.

Enfim, próxima burrada. As porcentagens: 30% para a Valve, 45% para a Bethesda e 25% para o modder.

O consenso geral é que é muito pouco para o modder. E eu concordo. Mas não é tão simples assim. Obviamente.

Aqui entramos numa das maiores complicações dessa história toda, a questão que muita gente com mais autoridade que eu levantou, que é a questão da importância do mod para o melhor funcionamento do jogo.

Seguinte: eu falei que mods são, na maioria das vezes, modificações pequenas, provavelmente uma mudança estética ou algum tipo de balanceamento do jogo que alguns jogadores achavam necessário. Só que existe um tipo de mod que, infelizmente, é muito comum: bug fixes. Sim, existem mods que corrigem bugs dos jogos. Sim, isso é um absurdo. Sim, era a empresa que lançou o jogo quem deveria cuidar disso. Não só existem esses bug fixes como alguns mods melhoram a experiência para o jogador, como melhorar os gráficos ou a interface do jogo, como é o caso de um dos principais mods de Skyrim.

Imaginem a situação onde um jogo lança e tem um bug ou uma limitação que atrapalha toda a experiência do jogo, como, por exemplo, o frame-rate. E a empresa dona do jogo está pouco se lixando para a situação. Então um grupo de fãs do jogo resolve pegar o código, debuggar ele até o frame-rate melhorar. Muito legal, certo? Só que, vamos supor, os caras que fizeram isso gostariam de receber algum tipo de compensação financeira, afinal eles perderam noites fazendo esse mod. Eles põem o mod à venda, provavelmente por um valor simbólico, e aí 45% vai para a empresa que não fez absolutamente nada para ajudar um problema no jogo que deveria ter sido responsabilidade dela.

Deu pra ter uma idéia do vespeiro que são essas porcentagens?

Esse é um dos grandes argumentos contra a venda de mods, pois isso criaria um incentivo para as desenvolvedoras economizarem no processo de debug, deixar os modders consertarem os problemas do jogo e ainda ganhar um extra.

O pior é que a solução também não é dar 0% para as desenvolvedoras, pois algumas delas, a própria Bethesda é um exemplo, fazem questão de ajudar os modders e criam softwares para justamente customizar o jogo. Nada mais justo que dar um pouco para eles, que tiveram esse trampo para justamente deixar a “comunidade” mais feliz. Só que 45% é muito.

Eu, sinceramente, não sei qual a melhor solução para essa questão, e muitas foram discutidas por aí por pessoas com mais autoridade no assunto. A minha única opinião, como já falei, é que essas porcentagens foram meio injustas e o modder devia ganhar mais.

Essas foram as duas principais burradas da Valve e da Bethesda, na minha opinião. Houveram outras, algumas que provavelmente nem eu sei, mesmo depois de ter lido muito sobre esse “escândalo” todo. Vou pôr um monte de links no final para quem quiser saber mais sobre o assunto.

Vamos para a próxima grande-enorme-gigantesca-épica complicação.

A cebola. Como estou chamando. Ninguém mais chama assim. Só eu. Acho.

Uma coisa muito comum no mundo dos mods é que eles sejam interdependentes. Vamos imaginar a seguinte situação: temos um mod inicial que faz X. Daí, outro modder vê esse mod e resolve criar variações gráficas Y, que se usam de X. Um terceiro modder vê as variações gráficas Y e resolve fazer o rebalanceamento Z, baseado em cores, sei lá, os verdes são mais fortes que os azuis. Chega, então, o modder 4, que adora o Lanterna Verde, adora o fato do verde ser mais forte que o azul no rebalanceamento Z e modifica as variações gráficas Y para parecerem ítens criados pelo anel do Lanterna, mas apenas as verdes, as demais cores ele deixa quieto.

Ou seja, esses mods vão virando uma cebola gigantesca, com cada vez mais camadas, uma dependente da outra.

Agora vem o problema: e se o modder 3 quiser cobrar pelo trabalho dele? Quanto deveria ir para o modder 1? E para o 2? E se o modder 2 faz questão de que seu trabalho seja distribuído gratuitamente? E como o modder 4 faz para conseguir divulgar e compartilhar melhor o trabalho dele, sendo que há uma barreira de custo para alguém conseguir usar o mod dele? Isso quando não aparece o modder 5, que pega todos os mods anteriores e lança eles como um “pacote Lanterna Verde”, cobrando mais barato que o modder 3.

Aí você chora, porque estamos descascando a cebola toda.

O problema da cebola desaparece num universo onde todos os mods são grátis, pois basta dar crédito para quem merece e sair compartilhando alegremente por aí.

Mas, quando mods ganham um valor monetário, ele vira um pepino acebolado gigantesco (como estou verdurento hoje) que a Valve, aparentemente, nem parou para pensar quando implementou a loja de mods. Talvez, se ela tivesse conversado antes com a “comunidade”…

Esses são os principais problemas, na minha opinião. Existem outros, mas agora eu quero falar do assunto que eu realmente quero discutir, uma das principais motivações da Valve em implementar a loja de mods e a principal queixa resultante do fim dela: modders cobrarem pelo trabalho deles.

Acho que isso até merece um subtítulo.

O valor das coisas


Muito bem, leitor que chegou até aqui no texto. Imagine um jogo que você gosta muito, mas que você acha que podia ser melhorado, seja mudando o balanceamento do jogo, seja alterando algumas cores, seja acrescentando o Batman. Agora pense que surgiu esse modder que fez exatamente o que você queria para melhorar o jogo. Quanto você pagaria para ele por isso?

Pensou num valor? Dependendo do que o mod faz, acho que eu, pessoalmente, pagaria até US$20,00, que é mais ou menos o teto que uso para medir os jogos indie que compro (se bem que às vezes compro jogos mais caros que isso, depende do quanto eu quero o jogo… em outras palavras, não sei lidar direito com o meu dinheiro). E, vejam só, o preço que o modder está pedindo é mais baixo que o teto que você se impôs! Que ótimo, é uma pechincha.

Resolvemos então comprar o mod. Mas aí, quando você estava prestes a pagar, algum outro modder lançou o mesmo mod de graça. Parece ser exatamente a mesma coisa, parece até que um cara roubou o código do outro, o que é bem possível que tenha acontecido. Você ainda assim compraria o primeiro mod ou você pegava o segundo, grátis? Além disso, qual dos dois você acha que vai ter mais downloads depois de um mês?

Agora, vamos imaginar outra situação: você quer reformar sua casa. Pintar as paredes, trocar o rodapé, mudar o armário de lugar, pôr umas cortinas novas. Daí você orça com decoradores, marceneiros, pintores, designers de persiana, que seja. Entre todos os valores orçados, tem esse um cara, o Chicão, que oferece fazer toda a reforma de graça. Ele apresenta todas as idéias dele num panfletinho, parece até que ele achou as mesmas imagens no Google Images que os outros fornecedores. Você contrataria o Chicão? Quem você acha que vai ter mais clientes, o Chicão ou os outros?

Assim chegamos num dos grandes problemas de toda essa discussão.

Nós não damos valor a bens digitais.

E isso é uma merda.

A falta de fisicalidade faz com que tenhamos uma dificuldade maior para apreciar o esforço dos profissionais e artistas envolvidos num produto digital. Normalmente, quem não conhece o trabalho e o processo necessários para criar algo com um mínimo de qualidade acha que é uma coisa fácil, que provavelmente a pessoa só pegou umas coisas prontas no Google, apertou uns dois botões no Photoshop e fez o produto. Não é assim que as coisas são feitas, a não ser que você seja um incompetente de merda fazendo um produto bosta.

E nem estou mais falando só de mods, estou falando de games em geral, de ilustrações, de websites, de softwares, mesmo de músicas e vídeos. Nós queremos essas coisas de graça e ponto. Se você tenta cobrar, sua audiência vai ser pífia e é bem capaz do resto do mundo te tratar feito um mercenário sem coração, um vendido que não tem amor pelo que faz.

Não é assim que as coisas funcionam! Paixão e amor pelo nosso trabalho não paga as contas! É preciso DINHEIRO!

E é isso que mais me irritou e que me levou a escrever sobre essa história toda dos mods de Skyrim: muitos “fãs” da “comunidade” levantaram o estandarte de “modder que é modder trabalha por amor, quem cobrar nunca gostou do jogo de verdade” e se colocaram num pedestal moral onde eles estão certos por exigir que os outros trabalhassem de graça pra eles. É. O. Fim. Da. Picada.

Para agravar a situação, muitos outros modders entraram nesse discursinho, condenando os outros que só buscavam alguma recompensa por horas de trabalho.

Muito bem, agora vamos entrar na parte mais importante da questão toda. Se tem alguma coisa que eu quero que vocês levem deste post, que vocês reflitam um pouco, nem que seja enquanto espalham o xampu na cabeça no chuveiro, é o que eu vou falar agora.

Um profissional, um artista, um amador, pessoas que produzam alguma coisa, digital ou não, ou que forneçam um serviço, que seja, elas têm que ter o direito de cobrar o que quiser pelo que oferecem. E esse valor pode ser zero. Às vezes, trabalhamos de graça. Existem momentos que fazemos questão de ajudar alguém com nossa expertise profissional sem cobrar um centavo. Uma pessoa que talvez não tenha condições financeiras de pagar nosso valor. Ou um projeto que você gosta, vê o potencial, mas que só vai rolar grana se der certo, ou nem vai rolar dinheiro, é só uma causa que você acredita, tipo uma ONG ou um escola de samba. Ou ainda situações onde sentimos uma obrigação social de ajudar outra pessoa (família, basicamente).

O que a gente não pode fazer, ou melhor, uma das atitudes mais nocivas que podemos ter em relação a qualquer pessoa é proibí-la ou tentar envergonhá-la por tentar receber pelo trabalho dela. É ridículo. Não façam isso. Não importa que tem outro cara que faz de graça, se alguém trabalhou duro para oferecer um produto digital ou físico ou um serviço, ele pode pôr o preço que ele quiser.

Você pode discutir o preço. Você pode discutir a qualidade do produto em relação ao preço. Você pode não comprar. Você pode esperar um desconto. Imagina, você pode pechinchar, acho até que é parte da natureza humana. Mas jamais se coloque num pedestal ético imaginário e se esconda atrás de um escudo inexistente chamado “comunidade” para proibir alguém de pedir alguma coisa pelo trabalho dela. Uma comunidade de verdade, que se preocupa com seus integrantes, valoriza o trabalho de todos e se ajuda para que todos melhorem junto.

Se você acha uma coisa cara, tente entender o preço. Não deduza que um produto é fácil de ser criado só porque ele é digital. Principalmente se estamos falando de algo que você gosta. Se você gosta de games, aprenda a apreciar o esforço dos envolvidos, não vá exigir que tudo seja dado pra você de presente numa bandeja de platina.

Conclusão:


Não seja mais um escroto. Já tem muitos por aí.

(OBS: Eu realmente estava tentando não ter palavrão neste blog, mas a situação exigiu um. Sim, eu usei merda e bosta antes, mas elas não são palavrões no meu vocabulário. Sério, todo mundo caga.)

Pronto, acabou a lição de moral. Era o que eu mais queria dizer.

Sobre a questão dos mods de Skyrim, imagino que a Valve vai voltar a tentar implementar um sistema de cobrança, ou mesmo um de doações, num futuro próximo. Espero que exista uma discussão séria sobre o assunto com a “comunidade”, de preferência sem ninguém querendo proibir os modders de cobrarem pelo serviço deles.

Eu ainda queria discutir um pouco a ação do livre mercado sobre o preço de produtos digitais, mas deixa para uma outra, quando eu for falar de free-to-play. Acho melhor fechar aqui, para a mensagem principal ficar na cabeça de todo mundo. Que até vou repetir, para reforçar:

Não seja um escroto.

Obrigado.

Links sobre o assunto:








Nenhum comentário:

Postar um comentário