25 de maio de 2015

Sobre o escalonamento de energia de jogos free-to-play

Jogos free-to-play (F2P) para celular. Todo mundo com um smartphone deve ter algum desses, imagino. E muitos deles funcionam na base da energia, uma barrinha que você gasta toda vez que joga e que se recupera depois de um tempo, permitindo você jogar de novo.

Pergunta retórica: qual o propósito de fazer esse esquema de energia?

Resposta retórica: DINHEIRO!

Money! Money! Money! Money!

Quando acaba a energia do seu jogo, o que aparece como opção? Comprar mais energia, ou seja, é um método de usar o nosso vício no jogo para gastarmos dinheiro. Ou melhor dizendo, é um método de usar as fraquezas psicológicas de pessoas que já tem uma predisposição a um comportamento de vício (não necessariamente eu ou você) para fazê-las gastar dinheiro.

Mas eu não estou aqui hoje para falar da psicologia do F2P, quero estudar mais antes de discorrer sobre esse assunto. Estou aqui para falar sobre o sistema de energia de jogos F2P.

Comecemos com o fato de que eu me recuso a pagar por mais energia. É praticamente uma questão de honra para mim, como se eu estivesse bradando a plenos pulmões num campo de batalha:

– Eu sou mais forte que você, vício! Eu consigo esperar mais noventa e três minutos para conseguir jogar a próxima fase, jogo! Eu tenho a fooooorrrçaaaaaa!!!

Mas eu quero jogar alguma coisa. Se estou jogando no celular, provavelmente é porque eu estou em algum lugar entediante ficando entediado e não estou com coragem de sacar o 3DS em público (o que é uma tontice, uma vez que o iPhone é bem mais caro).

A solução que eu encontrei? Baixar vários jogos F2P com várias barrinhas de energia para eu ir jogando um enquanto o outro recarrega a energia.

Só que ainda assim surgiam bolhas de tédio, momentos em que nenhum dos vários jogos F2P era jogável.

Foi quando eu tive uma idéia. E ela me inspirou a escrever este post.

Porém, antes de contar ela pra vocês, queria falar um pouco dos quatro jogos que ando alternando no meu celular pra passar o tédio, até para eu treinar escrever micro-avaliações temáticas de games.

The Battle Cats




Desenvolvedora: PONOS

Plataformas: Android e iOS

Preço: Grátis

Quesitos avaliados: Ganância mercenária e funcionalidade de energia

(OBS.: estou pensando em começar minhas avaliações de games com essas informações, como se fosse uma fichazinha do jogo avaliado, por isso que vocês vão ver informações meio redundantes, como o preço destes jogos - todos são grátis, o tema do post são jogos F2P, mas quero manter um padrão. Qualquer reclamação ou sugestão, sou todo ouvidos. Ah, e se for possível, quero que vocês imaginem essas informações sendo lidas pelo cara que narra as notas das apurações de escola de samba.)

O que é este jogo? O meu grande vício do momento no celular. É um jogo de estratégia 2D que você fica fazendo gatinhos bizarros para atacar a base inimiga e assim dominar o mundo. A cada batalha você ganha experiência para fortalecer seus gatos e existem trocentos gatos diferentes para você colecionar. No começo, o jogo parece meio ralo, onde você só fica mandando os gatos mais fortes e ganha, mas depois que você acaba o Story Mode e começa os desafios mais hardcore, o lado estratégico do jogo resplandece.

Como a estratégia "Desfile da Escola de Samba Cat".

Como funciona a energia neste jogo? Para jogar as fases, cada uma tem um preço em energia.

Como recuperar energia? Uma unidade por minuto.

Como o desenvolvedor faz dinheiro? Você pode comprar Cat Food, a moeda corrente do jogo, usada para comprar gatos mais poderosos (alguns você compra direto, mas a maioria funciona num sistema gacha - ou seja, sorteio randômico), ítens para ajudar na batalha, experiência, refil de energia ou aquela famosa segunda chance numa fase (para ficar ainda mais tentador, eles mostram quanto de vida faltava para derrotar o chefe - várias fases eu morri faltando só um porcento de vida do maldito) (mas eu mantive minha honra e nunca gastei grana nesse jogo).

É muito mercenário? Na minha opinião, não. Vive tendo evento especial para você ganhar Cat Food ou a chance de sortear algum gato raro. Tanto que já consegui todos os gatos que podem ser comprados diretamente e já tenho dezoito gatos ganhos com sorteio.

Recomendação: para quem gosta de jogos de estratégia e/ou de gatos. Se você nunca jogou esse tipo de jogo de estratégia 2D, até recomendo começar com Battle Cats que ele ensina bem o básico desse tipo de jogo, além de ser grátis.

Survive! Mola mola!




Desenvolvedora: Select Button

Plataformas: Android e iOS

Preço: Grátis

Quesitos avaliados: Ganância mercenária e funcionalidade de energia

O que é este jogo? Este é um simulador estilo tamagotchi, onde você cuida de um mola mola, ou peixe-lua como é conhecido em português (estranhamente, em inglês ele é o sunfish). O objetivo é engordar o seu mola mola e fazer ele evoluir, colecionando as diversas evoluções que ele tem. Para isso, tem os frutos do mar que aparecem aleatoriamente na tela que você toca para ele comer e as aventuras onde ele sai para explorar o oceano e voltar mais gordo. Vou ser bem sincero: só baixei este jogo porque ele habilitava um gato especial no Battle Cats, mas acabei gostando por causa de uma sacadinha dele: o mola mola morre por qualquer coisa. É um peixe muito idiota. Para melhorar, as mortes dele são randômicas, podendo acontecer quando ele está comendo uma sardinha e engasgar com as espinhas ou quando ele encontra uma tartaruga numa aventura e leva um susto. Só que não é o desafio de manter o seu mola mola vivo que é a sacadinha, mas o fato que você coleciona as diferentes mortes dele também.

Não era uma piada.

Com isso, a partir de um ponto você começa a querer que seu mola mola morra para completar sua coleção de mortes. Não apenas isso, como a cada morte do seu mola mola diminui a chance dele morrer novamente para a morte recém-morrida (deu pra entender?) e você ganha Mambo Points (MP), usados para comprar novas aventuras e novas comidas. É um tamagotchi que você passa metade do tempo querendo que ele morra para completar sua coleção de mortes e a outra metade querendo que ele viva para completar sua coleção de evoluções. Parece estranho, mas é bem divertido.

Como funciona a energia neste jogo? Para seu mola mola poder sair numa aventura, você tem que ter Adventure Points (AP), que fazem o papel de energia.

Como recuperar a energia? Demora uma hora para você recuperar um AP, de um máximo de três.

Como o desenvolvedor faz dinheiro? Ele vende os MPs e os APs. E tem uma quantidade obscena de propagandas.

É muito mercenário? Então, no quesito dos pontos, não. É só uma questão de paciência. Mas a parte de propagandas, sim, é bem mercenário. Não dá pra jogar mais de três minutos sem aparecer uma propaganda, ainda é daquelas que ocupa a tela inteira e você tem que esperar um tempo até fechar ela. Tanto que, se você compra alguma quantidade de MP, as propagandas são desabilitadas automaticamente. É o clássico esquema de fazer a sua paciência de refém. Tanto que funcionou comigo - eu comprei a menor quantidade de MP que tinha por US$0,99 e me livrei das propagandas.

Agora, com vocês, o cérebro humano justificando suas incoerências: eu não me importo de pagar para me livrar de propagandas, principalmente se é um app (não só jogos) que eu goste. A verdade é que os desenvolvedores precisam fazer dinheiro com seus aplicativos, então é inevitável que tenhamos que pagar um preço ou conviver com propagandas ou aceitar a exploração de pessoas com problemas psicológicos. Para mim, as duas primeiras opções são equivalentes: se paguei por um aplicativo, não quero propagandas, se vai ter propagandas, é melhor que seu aplicativo seja grátis. Por isso, se um aplicativo grátis com propagandas tem a opção de se livrar delas e eu gosto dele, eu pago sem problema. Por mais que muitos aplicativos usem as propagandas justamente para explorar outra fraqueza psicológica nossa, a impaciência com publicidade, eu encaro pagar para aliviar essa impaciência mais válido que o vício no jogo.

TL;DR: eu sou um hipócrita e gasto dinheiro aleatoriamente e a vida não tem propósito.

Recomendação: para quem gosta de cuidar de peixes-lua, para quem gosta de ver peixes-lua morrendo e, principalmente, para quem tem muita paciência para lidar com um bombardeio de propagandas. Mas dá pra pagar US$0,99 para se livrar delas.

Two Dots




Desenvolvedora: Playdots

Plataformas: Android, iOS e facebook

Preço: Grátis

Quesitos avaliados: Ganância mercenária e funcionalidade de energia

O que é este jogo? É um puzzlezinho muito simpático com uma direção de arte muito legal, continuação do Dots. Neles, você conecta os pontos da mesma cor para eles desaparecerem e novos caírem dentro do campo, e se você fecha um quadrado da mesma cor todos os pontos dessa cor somem. No primeiro é só esse esquema básico de sumir com os pontos e bater o recorde, mas no segundo tem fases, missões e vidas, parecido com o Candy Crush. Se você completa a missão, habilita a próxima fase, bem simples.

Totes adorbs.

Como funciona a energia neste jogo? São as vidas, toda vez que você falha numa missão, você perde uma.

Como recuperar a energia? Cada vida demora vinte minutos para recarregar, com um máximo de cinco.

Como o desenvolvedor faz dinheiro? Com as vidas, com segundas chances e com ítens que você pode comprar para te ajudar.

É muito mercenário? Não. Nem tenho muito o que dizer, acho esse jogo super sossegado no quesito monetização.

Recomendação: para quem gosta de ligar pontos e aprecia jogos com um estilo bonitinho, simpático e clean.

Swords and Poker Adventures


Este jogo não tem uma tela de abertura, aqui está a tela de escolha de fase.

Desenvolvedora: Konami (pelo menos é quem está listado na app store, não sei se foi exatamente ela quem desenvolveu, provavelmente ela é só a produtora/distribuidora/publisher)

Plataformas: Android e iOS

Preço: Grátis

Quesitos avaliados: Ganância mercenária e funcionalidade de energia

O que é este jogo? Este é o terceiro jogo da série Swords and Poker, o primeiro publicado pela Konami e o primeiro F2P desde o lançamento. Eu comprei os outros dois e gostei bastante deles, agora este… é razoável, os outros dois são melhores. Enfim, o jogo mistura RPG com pôquer, onde você é uma aventureira indo salvar o mundo e suas batalhas contra monstros e etc são decididas com pôquer, na modalidade jogo-da-velha (pelo que eu descobri na wikipedia), onde temos nove cartas na mesa num quadrado 3x3 e cada jogador tem duas cartas, a cada rodada eles recebem mais duas e o objetivo é formar mãos de pôquer com duas das cartas na mão mais uma das fileiras de três na mesa. Só que, ao invés da disputa ser resolvida com apostas, como no pôquer normal, cada mão de pôquer possui uma força diferente, seguindo a ordem das mãos de pôquer (uma quadra é mais forte que um straight que é mais forte que duas duplas, por exemplo), e causando uma quantidade de dano no adversário. Ganha quem acabar com a vida do adversário primeiro. Além disso, tem elementos como magias, armas e escudos para acrescentar alguma estratégia para o jogo.

Não sei se dá pra entender como o joga funciona, mas aqui um screen de uma partida.

Como funciona a energia neste jogo? Para entrar numa batalha, é preciso gastar pontos de energia.

Como recuperar a energia? Cada ponto se recupera a cada quinze minutos, num máximo de dez.

Como o desenvolvedor faz dinheiro? Você pode comprar gemas, uma das duas moedas correntes do jogo - a outra são moedas de ouro, que você ganha batalhando. Até dá pra ganhar algumas gemas em batalhas especiais e naquele esquema de prêmios diários, mas em quantias pífias. Com essas gemas podemos comprar algumas armas e escudos exclusivos, o refil de energia, as segundas chances e até mesmo moedas de ouro. Existe também a opção de comprar energia infinita por US$4,99 que eu não comprei por não ter gostado tanto assim do jogo, já vou explicar porquê.

É muito mercenário? Sim. Muito. Pra caramba. Por isso que não gosto tanto assim dele. Eu sinto a mão do desenvolvedor me empurrando o tempo inteiro para comprar as gemas, e de um jeito muito sacana: com o balanceamento do jogo. Não tenho provas concretas dele realmente estar fazendo isso, mas enquanto eu jogava eu senti que a dificuldade foi ficando alta demais de uma maneira injusta, e que o único jeito de eu continuar jogando era pagando. Vou dar um exemplo real: a partir de um momento, acho que na segunda área do jogo, começam a aparecer diversos monstros com magia de paralisia, que me faz perder uma rodada, e eu estava ficando bastante frustrado. Para lidar com as diversas magias do jogo, é preciso ter o escudo certo. Mas será que o escudo que protege contra paralisia tem o preço em gemas? É CLARO QUE SIM. Eu esperei os meus bônus diários acumularem até eu conseguir comprar o escudo sem gastar dinheiro real, e assim consegui passar da segunda área, mas isso deixou um gosto ruim na boca, por se assim dizer. O fato do jogo estar novamente tão difícil que a única solução que eu vejo é arranjar gemas também não está ajudando.

Recomendação: para masoquistas e os fãs de Castlevania, Metal Gear e Silent Hill que quiserem ter no celular um exemplo do que a Konami se tornou para ficar com raiva.

Hora da historinha


Agora que apresentei os jogos que estou jogando no celular, fica mais fácil explicar a idéia que inspirou este post. Para isso, quero narrar toda a situação que me levou a ela.

Eu estava na fila do correio. Para passar o tédio, resolvo jogar Battle Cats. Depois de algumas fases, acaba a energia. Sem problema, vou dar comida pro meu mola mola. Aproveito e mando ele para umas aventuras. Ele sobrevive a todas (droga!), e depois de algum tempo me canso de dar comida pra ele, até porque vai demorar até a próxima aventura. Vou então para o Two Dots, que tinha sido atualizado com fases novas recentemente. Jogo até acabarem minhas vidas. Olho para a minha senha, olho para a senha que acabou de ser chamada no mostruário e os números não batem porque são senhas diferentes para serviços diferentes. Imagino que ainda assim vá demorar, a senha do cara que está sentado do meu lado é uns três números na minha frente. Volto para o Mola mola. Alimento ele por um tempo e me canso de novo. Olho para o ícone do Swords and Poker. Ele olha pra mim. Penso na Konami. Me lembro que nunca mais haverá um Castlevania para um portátil Nintendo. Vou para o Battle Cats. Ainda vai demorar uns cento e doze minutos para eu fazer a fase que eu quero (as fases de desafio custam um monte de energia). Vou para o Two Dots. Ainda vai demorar mais de dez minutos até eu ganhar a próxima vida. Olho para o ícone do Swords and Poker de novo. Ele olha para mim de novo. Penso na Konami de novo. Lembro do que ela fez com o Hideo Kojima. Resolvo ver qual a senha que está. Não mudou, continua a mesma da última vez que eu olhei. Será que está quebrado? De qualquer jeito, o cara com a senha três números na minha frente ainda está aqui. Respiro fundo e vou dar mais comida pro meu mola mola. Olho mais uma vez o andamento da energia do Battle Cats e do Two Dots. Vai demorar. Fico encarando o ícone do Swords and Poker. Ele me encara de volta. A Konami observa a nós dois. Reflito sobre a brevidade da vida e o propósito da existência. Não concluo nada. Desisto e abro o Swords and Poker. Jogo cinco partidas e acaba minha energia. Maldita Konami. Olho para o mostruário de senhas. Mudou, até é do mesmo serviço que o meu, mas ainda faltam quatro pessoas. Recuperei uma vida do Two Dots. Jogo e perco de primeira. Volto para o tédio.

E então, em meio à toda essa desesperança, me ocorre um lampejo, uma idéia que, pelo menos ali, naquela hora, na fila do correio, me pareceu genial.

Agora, olhando em retrospecto, é no máximo uma idéia boa. Zinha. O bastante.

E eu nem fui ver se já existe isso que eu vou propôr. Se existe, por favor ignorem a minha insignificância.

A idéia boa. Zinha. O bastante. E que talvez já exista.


E se uma desenvolvedora lançasse vários jogos F2P com energia onde você jogar um dos jogos ajudasse a recuperar a energia de outro jogo?

Seria assim: lá estou eu jogando Battle Cats. Acaba minha energia. Daí eu vou para o Mola mola, e mando ele para as três aventuras dele. Fazer isso me dá um bônus de, digamos, trinta pontos de energia no Battle Cats, dez por aventura do mola mola. Mas ainda não é o bastante para eu jogar uma fase. Então vou para o Two Dots e jogo até gastar minhas cinco vidas. Nessa, eu ganho mais vinte e cinco pontos no Battle Cats e economizo uns vinte e cinco minutos para a próxima aventura do Mola mola. Agora consigo jogar uma fase do Battle Cats, que economiza mais uns dez minutos do Mola mola e me recupera direto uma vida do Two Dots.

Assim eu fico preso eternamente num ciclo auto-sustentável de energia F2P e não fico com tédio nem preciso abrir o Swords and Poker e pensar na Konami.

Lindo, não?

É, eu sei que não.

Na hora, lá no correio, isso me pareceu uma idéia brilhante, mas agora eu percebo alguns dos seus problemas. Só que eu ainda acho que dá pra salvar parte dela.

O primeiro grande problema é como essa desenvolvedora iria fazer dinheiro, já que, com isso, ninguém mais iria pagar para ter energia.

A única solução que eu consigo pensar é propaganda. Toda vez que alguém abre um desses jogos, o jogador tem que ver uma propagandinha básica, só podendo pular depois de alguns segundos, que nem o Mola mola faz. Com isso, a desenvolvedora aumenta o número de visualizações gerados pelos jogos e, assim, DINHEIRO!

Ok, imagino que o dinheiro gerado com essas visualizações não seja equivalente ao dinheiro gerado pelas pessoas com problemas psicológicos comprando diversos refis de energia, mas acho que pode ser, talvez, assim, quem sabe, minimamente lucrativo.

O segundo grande problema é técnico: não sei se é possível fazer isso, principalmente em iOS, onde os aplicativos têm limites bem rígidos quanto à interação de um com o outro. Acho que dá pra fazer usando uma conta externa, tipo facebook, para sincronizar as energias dos jogos. Mas mesmo isso não sei se é fazível, é bem capaz de eu estar propondo uma coisa impossível.

O terceiro problema não é tão grande assim, mas ainda assim pode ser considerado um problema: como equiparar o valor de cada energia em cada jogo? No exemplo que eu dei, eu inventei valores para cada ponto de energia de Battle Cats, cada AP de Mola mola e cada vida de Two Dots, mas não sei se eles estão equilibrados. Para cada jogo F2P sua energia tem um valor específico e uma taxa de recuperação específica, e em muitos casos (pelo menos dos jogos em que os desenvolvedores se esforçaram um pouco) o sistema de energia e o gameplay estão interligados, criando uma enorme complicação para implementar a minha idéia de energias conectadas. A solução era todos os jogos terem o mesmo tipo de energia com o mesmo tipo de índice de recuperação, mas isso pode acabar sacrificando a qualidade dos jogos, levando para o último problema:

Não sei dizer se esse sistema é melhor para o jogador. Quero dizer, se você está na fila do correio ou do banco ou de qualquer outra coisa que tenha uma fila muito grande, é uma opção fantástica, mas para a maior parte das outras vezes que você vai jogar alguma coisa no celular, essas sessões curtas de jogo, onde você gasta toda energia de um só, já é o bastante para espantar o tédio momentâneo.

Ou seja, é uma coisa que ia dar um trabalhão para os desenvolvedores, não ia dar tanto dinheiro a mais assim (acho) e nem é tão útil assim para o jogador. Então qual é o propósito dessa idéia, ou, em outras palavras, qual o propósito deste post, ou mesmo deste blog?

O propósito, meus caros três leitores, é aquilo que me anima em relação a esse sistema todo de energias sincronizadas: o meta-jogo.

O meta-jogo de escalonar energias


Já falei no meu blog pessoal como eu gosto de Majora’s Mask. Uma das minhas coisas favoritas desse jogo é justamente ficar montando a agenda do Link para conseguir fazer a maior quantidade de coisas possível em três dias. O que é muito irônico quando penso na minha total incapacidade de organizar uma agenda para mim. Mas acho que minha diversão vem de organizar eventos que eu tenho uma boa noção de quanto tempo vão demorar e a hora exata em que vão começar.

Quando tive essa idéia, lá no correio, achei ela genial para que eu sempre tivesse alguma coisa para jogar. Depois, enquanto refletia sobre os problemas dessa idéia, comecei a pensar sobre como seria o melhor meio de aproveitar o tempo e maximizar o reaproveitamento de energia dos diversos jogos envolvidos. Fazer isso seria um jogo por si só, um meta-jogo (nem sei se estou usando essa expressão corretamente). E eu percebi que iria me divertir horrores com isso.

Fazer uma fase que gaste uma energia média em Battle Cats para depois mandar o meu mola mola em duas aventuras e jogar até gastar duas vidas de Two Dots e depois voltar para o Battle Cats e jogar uma fase que precise de muita energia ou começar gastando três vidas de Two Dots, depois mandando meu mola mola nas três aventuras, para aí jogar a fase mais cara de Battle Cats e logo depois ir torrar todas as vidas restantes de Two Dots mais uma que eu provavelmente vou ter ganho nesse meio tempo? E se eu perder a fase do Battle Cats, é melhor fazer só uma aventura do Mola mola para refazer a fase que eu perdi ou desencano e continuo com o plano?

Só de escrever esse parágrafo eu fiquei animado. Sim, eu tenho um probleminha.

Diversão pura!

Mas me parece tão legal! Ficar calculando o melhor custo benefício de energia para conseguir render a maior quantidade de tempo jogando possível! É um tempo perdido que eu poderia estar jogando! Mas estou calculando a melhor maneira de jogar! É completamente estúpido!

E ia ser tão legal.

Imagina, consigo até imaginar os FAQs no GameFAQs e as threads no reddit. Talvez só tivesse eu lá, sozinho, falando comigo mesmo, mas acho que tem mais gente com probleminha que nem eu, que ia querer ficar discutindo e analisando o melhor custo-benefício de cada jogo.

…Eu realmente tenho sérios problemas.

Conclusão


Sistema de energia de jogos F2P são um mal necessário, e temos que conviver com ele. Afinal, os desenvolvedores precisam fazer algum dinheiro, e ficar manipulando nosso tédio e nossa obsessão é, aparentemente, tremendamente lucrativo.

Tendo dito isto, depois que você se acostuma a ter paciência com os sistemas de energia, você até aprende a apreciar eles, sem contar que alguns jogos sabem trabalhar ele minimamente bem, como Battle Cats, Two Dots e Survive! Mola mola, sem ficar uma coisa mercenária horrorosa, que nem Swords and Poker Adventures.

Só que perdido nesse mar de jogos F2P com barrinhas de energia está um meta-jogo com muito potencial, pelo menos para pessoas que gostem de perder tempo calculando o melhor custo-benefício de tempo para poder jogar mais seus games F2P.

Pessoas que nem eu.

E pessoas que estão na fila do correio.

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